10 filmes para citar na redação do Enem

Postado em 25 de set de 2021
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Filmes podem ser citados na redação do Enem, sim.

Além de demonstrarem que o candidato tem repertório sociocultural, são uma ótima estratégia para iniciar o texto e chamar a atenção dos corretores para os argumentos que serão expostos no desenvolvimento.

Assim a citação de obras audiovisuais ajuda a atender os critérios das competências 2 e 3 da matriz de referência para correção da redação do Enem, detalhadas na Cartilha do Participante.

A competência 2 aborda o repertório sociocultural ao avaliar se o estudante compreendeu “a proposta de redação” e aplicou “conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo em prosa.”.

Já a competência 3 abrange a capacidade do candidato de “Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista.”.

Para te ajudar a pontuar bem nessas duas competências, selecionamos 10 filmes que podem ser citados na redação do Enem. A escolha foi baseada em eixos temáticos e nos temas de redação das edições anteriores do Exame.

Confira:

 

1. Filmes sobre Democracia

Considerando a definição de democracia como “governo em que o povo exerce a soberania”, esse eixo temático esteve presente em 7 temas da redação do Enem. Mais recentemente, em 2022, com o tema "Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil".

A edição anterior do Enem já havia abordado o eixo no tema “Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil”.

Os estudantes que fizeram o Exame em 2016 e 2012 também poderiam se basear em dados mais abrangentes sobre a Democracia no Brasil ao escrever sobre os temas “Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil” e “O movimento imigratório para o Brasil no século XXI”.

Os filmes abaixo poderiam ser citados em redações com temas semelhantes aos das edições de 1999 (“Cidadania e participação social”), 2002 (“O direito de votar: como fazer dessa conquista um meio para promover as transformações sociais de que o Brasil necessita?”) e 2009 (“O indivíduo frente à ética nacional”).

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Argentina, 1985

Santiago Mitre, 2022

Sinopse

Inspirado em fatos reais, “Argentina, 1985” narra a história de Julio Strassera (Ricardo Darín), promotor que liderou o processo contra nove lideranças militares que governaram a Argentina após o golpe de 1976, acusadas de crimes e violações contra os direitos humanos.

Como o filme pode ser citado na redação do Enem

“Argentina, 1985” aborda os horrores de uma ditadura, a defesa dos direitos humanos e a importância de manter a memória viva sobre o passado.

O longa-metragem também serve como uma alusão histórica, pois o Julgamento das Juntas, como o episódio ficou conhecido, é um dos raros exemplos de responsabilização coletiva de líderes que perpetraram crimes contra a humanidade. 

Legalidade

Zeca Brito, 2019

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Sinopse:

“Legalidade” conta a história do movimento social de mesmo nome, liderado por Leonel Brizola (Leonardo Machado) com o objetivo de garantir a posse de João Goulart após a renúncia de Jânio Quadros.

Como o filme pode ser citado na redação do Enem

O filme serve como mote para abordar a fragilidade da democracia no Brasil, que já passou por 3 ditaduras: a da Espada (1889-1894), a do Estado Novo (1937-1945) e a Ditadura Militar (1964-1985). Também pode ser um exemplo de mobilização popular em defesa do respeito à Constituição.

Por ser um filme ambientado na década de 1960, também pode ser usado como alusão histórica.

🔵Leia também: O que zera a redação do Enem?

2. Filmes sobre Educação

O eixo temático da Educação inspirou o tema da redação do Enem de 2000, que tratou sobre “Direitos da criança e do adolescente: como enfrentar esse desafio nacional”.

Três anos depois, o eixo voltou no tema “A violência na sociedade brasileira: como mudar as regras desse jogo?”, que questionava os investimentos feitos em segurança em detrimento da educação.

O eixo temático também esteve presente nas edições de 2005 (“O trabalho infantil na realidade brasileira”), 2006 (“O poder de transformação da leitura") e 2017 (“Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil”). 

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O Menino que Descobriu o Vento

Chiwetel Ejiofor, 2019 

  • Onde assistir: Netflix

Sinopse:

Sempre esforçando-se para adquirir conhecimentos cada vez mais diversificados, William Kamkwamba (Maxwell Simba) se cansa de assistir todos os colegas de seu vilarejo passando por dificuldades e começa a desenvolver uma inovadora turbina de vento.

A história de “O Menino que Descobriu o Vento” se passa no Malawi, país localizado no sudeste do continente africano. 

Como o filme pode ser citado na redação do Enem

O personagem de Maxwell Simba inspira-se no livro de ciências da escola para projetar a turbina. Essa narrativa pode ser usada como um exemplo da importância da educação para melhorar a vida de toda uma comunidade. 

Entre os Muros da Escola

Laurent Cantet, 2008

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Sinopse:

Em uma escola na periferia de Paris, o professor François Marin (François Bégaudeau) luta com o descaso e a falta de recursos para fazer com que seus alunos aprendam algo ao longo do ano letivo. 

Como o filme pode ser citado na redação do Enem

“Entre os Muros da Escola” é um filme de ficção que consegue sintetizar os desafios diários de profissionais da educação de todo o mundo.

O longa-metragem também aborda as contradições da sociedade francesa, que se diz democrática, mas não garante às minorias étnicas o acesso a uma educação de qualidade.

🔵Leia também: Como é a correção da redação do Enem? E quem são os corretores?

3. Filmes sobre Saúde

Se preparar para a redação do Enem a partir do eixo temático da Saúde ajudou os candidatos a escreverem sobre o tema “O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira”, do Enem 2020. 

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O Último Cruzeiro

Hannah Olson, 2021

Sinopse:

O documentário “O Último Cruzeiro” acompanha o surto de Covid-19 no navio Diamond Princess, que aconteceu em fevereiro de 2020. À época, os passageiros foram proibidos de desembarcar no porto japonês de Yokohama por causa do vírus. Mais de 700 pessoas se infectaram no decorrer de duas semanas. 

Como o filme pode ser citado na redação do Enem

O documentário mostra que a pandemia de Covid-19 afetou as pessoas de diferentes formas logo no início da crise, dependendo de sua origem socioeconômica.

Essa perspectiva pode ser usada como um exemplo de como os serviços de saúde não chegam a todas as pessoas, apesar de serem garantidos pelas constituições de diversos países, inclusive a na brasileira. 

Nise: o Coração da Loucura

Roberto Berliner, 2016 

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Sinopse:

“Nise: o Coração da Loucura” é uma cinebiografia da psiquiatra Nise da Silveira, que revolucionou o tratamento de pessoas com transtornos mentais no Brasil.

O filme se passa na década de 1950. Interpretada por Glória Pires, a médica propõe uma nova forma de tratamento aos pacientes que sofrem com esquizofrenia. Seus colegas de trabalho discordam do seu meio de tratamento e a isolam, restando a ela assumir o abandonado Setor de Terapia Ocupacional, onde dá início a uma nova forma de lidar com os pacientes, por meio do amor e da arte. 

Como o filme pode ser citado na redação do Enem

A história de Nise da Silveira influencia as políticas públicas de saúde mental do Brasil até hoje. A cinebiografia também permite construir uma narrativa do “antes e depois” do tratamento psiquiátrico no Brasil, que tem adotado outras formas de terapia para deixar a violência no passado.

O filme, inclusive, foi usado por um dos 28 candidatos que tiraram a nota 1000 na redação do Enem em 2020. Confira o texto elaborado pela estudante Nathaly Nobre:

A obra cinematográfica brasileira “Nise: O Coração da Loucura” retrata a luta de Nise da Silveira pela redução dos estigmas nas alas psiquiátricas e nas formas de tratamento enfrentadas por pacientes com enfermidades mentais, na medida em que desumanizavam estes. Nesse contexto, é evidente a perpetuação do preconceito em relação às doenças psíquicas, pois são, em sua maioria, menosprezadas e omitidas no cenário moderno do Brasil. Assim, faz-se necessário investir em educação voltada à questão da saúde mental, bem como romper com paradigmas da forma de vida contemporânea.
A princípio, sob a óptica do filósofo grego Aristóteles, a educação é um caminho fundamental para a formação da vida pública, à proporção que coopera para o bem-estar da cidade. Diante dessa perspectiva, a manutenção da estrutura deficitária da propagação de conteúdo de saúde mental, na sociedade brasileira, agrava o desenvolvimento de doenças psíquicas, visto que retira do cidadão o acesso ao conhecimento. Portanto, a não ministração de aulas e de eventos os quais abordem sobre essa temática promove, lamentavelmente, a disseminação de tabus falaciosos e a redução da busca por tratamento adequado - ao passo que o crescimento das enfermidades é avassalador. 
Além disso, o modo de vida extremamente exaustivo atual é catalisador da problemática, uma vez que nega o cultivo das práticas do autocuidado em prol do máximo rendimento. De maneira análoga, de acordo com Byung-Chul Han, filósofo sul-coreano, em seu ensaio “Sociedade do cansaço”, vive-se a insana procura do ser humano pela alta produtividade em quaisquer meios, mesmo que retire dele os prazeres e a sanidade física e mental. Destarte, há a banalização do aspecto psíquico, porquanto é visto como desnecessário na vivência hodierna e, por conseguinte, a ansiedade e a depressão são absurdamente neutralizadas em razão das poucas políticas públicas incentivadoras e conscientizadoras. 
Logo, cabe ao Ministério da Educação o investimento em aulas específicas sobre a saúde mental, por meio de Planos Nacionais da Educação e de eventos tanto escolares quanto ao grande público, haja vista a importância do máximo alcance possível, com a ministração de psicólogos e psiquiatras, a fim de garantir a visão aristotélica e de romper com os tabus preconceituosos. Ademais, o Estado deve promover políticas públicas de incentivo ao autocuidado, a exemplo de espaços destinados ao convívio humano e ao bem-estar, com o fito de quebrar com os paradigmas vivenciados por Nise da Silveira. 

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4. Filmes sobre Meio ambiente e sustentabilidade

O Meio Ambiente foi base para 3 temas de redação do Enem. Estudos relacionados ao eixo poderiam ser abordados na edição de 2022, que teve como tema "Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil".

Catorze anos antes, o eixo temático esteve presente no tema “A máquina de chuva da Amazônia”. Ele também apareceu na redação do Enem 2001, cujo tema era “Desenvolvimento e preservação ambiental: como conciliar interesses em conflito?”.

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Em Busca dos Corais

Jeff Orlowski, 2017 

Sinopse:

O diretor Jeff Orlowski e sua equipe se uniram ao fotógrafo submarino Richard Vevers e ao cientista Zackery Rago para documentar o desaparecimento dos recifes de coral, uma das consequências nefastas das mudanças climáticas. 

Como o filme pode ser citado na redação do Enem

O documentário pode ser citado como um exemplo de como as ações da humanidade prejudicam o meio ambiente no curto, médio e longo prazo. Ele também traz dados interessantes sobre o aumento da temperatura dos oceanos e a importância da biodiversidade dos corais que podem ser citados. 

WALL-E

Andrew Stanton, 2008 

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Sinopse:

Toda a humanidade passa a viver em uma nave espacial após tornar a Terra inabitável, devido à quantidade de lixo e à poluição atmosférica. Ela deixa para trás robôs que deveriam limpar o planeta, mas o único que resta após centenas de anos é o simpático WALL-E. O protagonista passa os dias compactando lixo até que encontra um novo moderno robô, Eva, que traz pistas sobre o destino da raça humana. 

Como o filme pode ser citado na redação do Enem

A história de WALL-E pode ser usada como um gancho para falar sobre questões ambientais urbanas, como o lixo, a poluição atmosférica e as ilhas de calor.

Outro argumento que o filme inspira é os riscos de a humanidade contar com a geoengenharia para solucionar problemas ambientais. A geoengenharia consiste na intervenção humana intencional e em grande escala no clima da Terra, com o objetivo de mitigar os efeitos das mudanças climáticas.

🔵Leia também: Espelho da redação do Enem: o que é, como consultar e o que é avaliado

5. Filmes sobre Comunicação e tecnologia

O último eixo temático da lista apareceu pela primeira vez na edição de 2004 do Enem, cuja redação teve como tema “Como garantir a liberdade de informação e evitar abusos nos meios de comunicação”.

Ele apareceu novamente nas edições de 2011 (“Viver em rede no século XXI: os limites entre o público e o privado”) e 2018 (“Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet”). 

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O Dilema das Redes

Jeff Orlowski, 2020

Sinopse:

Também dirigido por Jeff Orlowski, o documentário reúne ex-funcionários de Big Techs como Google, Facebook e Twitter, além de especialistas em tecnologia, para alertar sobre os perigos que as redes sociais representam para a democracia e para a humanidade como um todo. 

Como o filme pode ser citado na redação do Enem

O documentário da Netflix permite explorar questões como a falta de regulamentação das redes sociais, o vício, os prejuízos à saúde mental, a privacidade e a disseminação de notícias falsas. 

Conspiração e Poder

James Vanderbilt, 2016 

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Sinopse:

Durante a campanha de reeleição de George W. Bush, a jornalista Mary Mapes (Cate Blanchett) suspeita que o então presidente dos Estados Unidos usou de sua influência para não combater na Guerra do Vietnã. A denúncia, que vai ao ar pela rede CBS, desencadeia um jogo de intrigas e pressões políticas que abala a credibilidade da emissora e pode mudar a carreira dos envolvidos para sempre. 

Como o filme pode ser citado na redação do Enem

Inspirado em fatos reais, “Conspiração e Poder” pode ser usado para abordar o papel da imprensa na sociedade e a relação ambígua que ela mantém com quem está no poder.

 
Olívia Baldissera

Por Olívia Baldissera

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Jornalista e historiadora. É analista de conteúdo do Blog do EAD.